Em 15 de outubro de 2024, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) publicou na Revista da Propriedade Industrial (RPI) o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG), na modalidade de Denominação de Origem (DO), para o café produzido na região da Chapada Diamantina, na Bahia. Este é um marco significativo, pois representa a primeira DO do estado, elevando o total de IGs reconhecidas no Brasil para 130, das quais 39 são DOs.
O que é Denominação de Origem?
A Denominação de Origem é uma forma de proteção que assegura que um produto possua características específicas devido ao seu ambiente geográfico. Para que um produto receba essa certificação, é necessário que fatores naturais e humanos influenciem suas qualidades. No caso do café da Chapada Diamantina, essa influência é resultado de uma combinação única de clima, solo e práticas culturais dos produtores locais.
Características da Denominação de Origem
- Fatores Naturais: Incluem clima, altitude e tipo de solo.
- Fatores Humanos: Envolvem técnicas tradicionais de cultivo e processamento.
- Qualidade do Produto: A certificação garante que o produto final possui características únicas e reconhecíveis.
Conhecendo a Indicação Geográfica da Chapada Diamantina
A Chapada Diamantina é composta por 24 municípios, onde a produção de café se destaca por sua qualidade. De acordo com estudos realizados pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), o manejo pós-colheita e o saber-fazer local são fundamentais para a qualidade do café produzido na região.
Fatores que Influenciam a Qualidade do Café
- Manejo Pós-Colheita: A colheita manual predominante na região garante a seleção cuidadosa dos grãos.
- Variáveis Ambientais:
- Altitude: Cafés cultivados em altitudes elevadas tendem a ter sabores mais complexos.
- Temperatura: As variações térmicas influenciam o desenvolvimento dos grãos.
- Orientação da Encosta: A exposição ao sol e à sombra afeta o crescimento das plantas.
Aspectos Químicos
Um estudo conduzido pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) revelou que os cafés da Chapada Diamantina apresentam teores elevados de ácidos orgânicos, clorogênicos e lipídeos. Essas características químicas conferem ao café um perfil distinto em comparação com amostras de outras regiões.
Características Sensoriais do Café da Chapada Diamantina
Os cafés produzidos na Chapada Diamantina são descritos como:
- Encorpados
- Adocicados
- Com acidez cítrica
- Notas de nozes e chocolate
- Final prolongado
Essas características sensoriais são resultado da interação entre os fatores ambientais e as práticas culturais dos cafeicultores.
Práticas Culturais e Técnicas Tradicionais
As técnicas tradicionais utilizadas pelos produtores locais têm um impacto significativo na qualidade do café. Um exemplo notável é a adaptação das técnicas de secagem, onde os terreiros são cobertos para proteger os grãos das intempéries, mas ainda permitem a circulação do ar. Essa prática ajuda a preservar as qualidades sensoriais do café durante o processo de secagem.
Comparação das Características do Café da Chapada Diamantina com Outras Regiões
Característica | Chapada Diamantina | Outras Regiões |
---|---|---|
Método de Colheita | Manual | Misto |
Altitude | Alta | Variável |
Notas Sensoriais | Nozes, Chocolate | Varia |
Acidez | Cítrica | Varia |
Implicações Econômicas e Comerciais
A concessão da Denominação de Origem representa uma oportunidade significativa para os produtores locais. Com essa certificação, espera-se que:
- Aumente o reconhecimento do café da Chapada Diamantina no mercado nacional e internacional.
- Fortaleça a reputação da região como produtora de cafés especiais.
- Melhore as condições econômicas dos pequenos agricultores.
Conclusão
O reconhecimento da Denominação de Origem para o café da Chapada Diamantina marca um importante passo para a valorização dos produtos agrícolas brasileiros. Essa certificação não apenas ressalta as qualidades únicas do café produzido na região, mas também promove um desenvolvimento econômico sustentável para os pequenos produtores locais. À medida que os consumidores se tornam mais conscientes sobre a origem dos produtos que consomem, iniciativas como essa podem ajudar a fortalecer mercados locais e internacionais, assegurando que a rica herança cultural e ambiental da Chapada Diamantina seja preservada e celebrada.
O futuro parece promissor para os cafeicultores da Chapada Diamantina, com a expectativa de que essa conquista traga novas oportunidades e desafios à medida que eles buscam expandir seu alcance no mercado global.
FAQ
Pergunta e respostas frequentes sobre o conteúdo.
A Denominação de Origem é uma forma de proteção que assegura que um produto possua características específicas devido ao seu ambiente geográfico. Para que um produto receba essa certificação, é necessário que fatores naturais e humanos influenciem suas qualidades.
A Denominação de Origem garante que o café possui características específicas relacionadas ao seu ambiente geográfico, valorizando a produção local e assegurando a qualidade do produto.
O Brasil chega a 130 IGs reconhecidas, sendo 39 delas Denominações de Origem.
Os fatores incluem o manejo pós-colheita, altitude, temperatura e orientação da encosta onde os cafezais estão localizados.
A colheita manual predominante na região permite uma seleção cuidadosa dos grãos, contribuindo para a qualidade final do café.
O café é descrito como encorpado, adocicado, com acidez cítrica e notas de nozes e chocolate, além de ter um final prolongado.
Uma técnica tradicional é a secagem dos grãos em terreiros cobertos, que protege os grãos das intempéries enquanto permite a circulação do ar.
A certificação pode aumentar o reconhecimento do café no mercado, fortalecer a reputação da região e melhorar as condições econômicas dos pequenos agricultores.
Instituições como o Sebrae têm desempenhado um papel crucial no apoio aos cafeicultores na obtenção da certificação de Denominação de Origem.
A expectativa é que a conquista da Denominação de Origem traga novas oportunidades e desafios, ajudando os cafeicultores a expandirem seu alcance no mercado global.